Contra a servidão voluntária: adeus, Andes VI
O Coletivo Democracia e Luta acabou a live em que defende o Andes contra a Apub. Não sei como conseguem dizer o que dizem sem ao menos ficarem corados de vergonha. Chamaram até um advogado do Andes para dar ares de legalidade e juridicidade ao que não passa da mais pura mistificação. O fato de se contradizerem é completamente irrelevante. Basicamente, o argumento deles é o seguinte, e foi dito pelo presidente da APUR: “A UFBA não tem direito de se organizar de modo autônomo, pois a autonomia da UFBA ataca a nossa autonomia”. Como assim? Quer dizer, então, que a autonomia deles vale, mas a nossa não? Ou será que nós só podemos decidir aquilo que eles acham uma decisão correta? Então nossa liberdade de decidir está condicionada ao conteúdo da decisão? Só podemos decidir pelo que for do interesse da APUR? Não temos mais o direito de divergir? Que democracia é esta?
A APUB está organizada entorno do PROIFES, não do Andes. E ela pretende e irá continuar assim. Esta decisão cabe a nós, e apenas a nós da APUB. Estar organizada entorno do Proifes, contudo, nunca nos impediu de atuar politicamente com entidades coirmãs, como AdUFRJ, AdUFPR, AdUFABC, e por aí vai, não obstante elas fazerem parte do Andes. Em muitos pontos, eu pelo menos, tenho mais acordo com estas entidades – e suas lideranças - do que com algumas das entidades – e suas lideranças - que compõem o Proifes. Em muitos pontos, porém, não são todos os pontos. Onde não há acordo, podemos seguir caminhos distintos. Para usar uma imagem, a relação entre a APUB e o Proifes é uma relação aberta: a decisão de uma entidade não vincula a outra. Como o pessoal do Democracia e Luta é careta, para eles tudo que é diferente da monogamia sindical tem ares de traição – gente careta que se faz de moderna, turma moralista que faz ar de descontruída.
Se você é da APUR, ou de qualquer outra entidade de docente federal do Estado da Bahia, nossa decisão não te afeta. Quem é APUR, continuará APUR e continuará, portanto, como seção do Andes. Isso vale para a ADUFOB, SindUFSB, etc. A APUB, porém, não é seção do Andes. Não é e não quer ser seção do Andes. Os docentes da UFRB, da UFOB, UFSB não têm por que se preocupar conosco. Devem, sim, se preocupar com as suas lideranças, que dirigem contra nós uma campanha brutal para defender os interesses do Andes.
Vejam a live, vejam, pois está lá com todas as letras, vírgulas, o escambau: para aqueles que se opõe à carta sindical da APUB, só há uma liberdade possível: a liberdade de submissão ao Andes, só há um modo de organização, a organização entorno do Andes. Um filósofo do século XVI chamou isso de servidão voluntária. À servidão voluntária se opõem justamente a autonomia, a independência e a auto-organização. Lamento pelo colega da APUR que nos nega um direito básico. É triste quando vemos um colega incapaz de pensar.